sexta-feira, 25 de novembro de 2011


A HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA
CONTOU TAMBÉM COM VISCA
                                     Laura Monte Serrat Barbosa

Com a chegada da era industrial, também chegou a preocupação com a produtividade e com tudo o que atrapalhava a possibilidade de produzir.
As dificuldades de aprendizagem passaram a ser foco de atenção, e a Medicina começou a estudar a causa dos problemas e suas possíveis correções. A primeira guerra mundial, em andamento na época, oferecia a oportunidade de se descobrir, no cérebro dos guerrilheiros atingidos, a relação das áreas cerebrais danificadas com as funções que apareciam prejudicadas.
A Oftalmologia, a Neurologia, a Psiquiatria eram algumas das áreas da Medicina que se ocupavam com esses estudos.
No final do século XIX, educadores, psiquiatras e neuro-psiquiatras começaram a se preocupar com os aspectos que interferiam na aprendizagem e a organizar métodos para a educação infantil. Desta época, temos a colaboração de Seguin, Esquirol, Montessori e Decroly, entre outros.
Segundo MERY (1985) os Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, a partir da segunda metade do século XX, e objetivavam, a partir da integração de conhecimentos pedagógicos e psicanalíticos, atender pessoas que apresentavam dificuldades para aprender apesar de serem inteligentes.
Nos Estados Unidos, o mesmo movimento acontecia, enfatizando mais os conhecimentos médicos e dando um caráter mais organicista a esta preocupação com as dificuldades de aprendizagem.
Muitas definições foram elaboradas para diferenciar aqueles que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam deficiências mentais, físicas e sensoriais.
Os esforços de investigadores americanos, como Samuel Orton, segundo GEARHART (1978), resultaram em processos de tratamento altamente desenvolvidos dessas dificuldades, que incluíam, além de médicos, também psicólogos, foniatras, pedagogos e professores, que atendiam em clínicas, seguindo um modelo multidisciplinar.
O movimento europeu acabou por originar a Psicopedagogia, enquanto que o movimento americano proliferou a crença de que os problemas de aprendizagem possuíam causas orgânicas e precisavam de atendimento especializado, influenciando parte do movimento da Psicologia Escolar que, até bem pouco tempo, segundo BOSSA (1994), determinou a forma de tratamento dada ao fracasso escolar.
A corrente européia influenciou a Argentina, que passou a cuidar de suas pessoas portadoras de dificuldade de aprendizagem, há mais de 30 anos, realizando um trabalho de reeducação. Mais tarde, este acabou sendo o objeto de estudo que contava com os conhecimentos da Psicanálise e da Psicologia Genética, além de todo o conhecimento de linguagem e de psicomotricidade, que eram acionados para melhorar a compreensão das referidas dificuldades.
O Brasil recebeu influências tanto americanas, quanto européias, via Argentina. Principalmente no sul do país, receberam-se os conhecimentos de renomados profissionais argentinos que muito contribuíram para a construção do nosso conhecimento psicopedagógico.
Dr. Quirós, Jacob Feldmann, Sara Pain, Alícia Fernandez, Ana Maria Muñiz e Jorge Visca são alguns dos principais nomes de colegas argentinos que trouxeram os conhecimentos da Psicopedagogia para o Brasil e enriqueceram o desenvolvimento desta área de conhecimento.
Há mais de 20 anos, vêm-se desenvolvendo cursos de formação e especialização em Psicopedagogia. Também naquela época, o Professor Jorge Visca começou a vir para o Brasil a fim de implantar os Centros de Estudos Psicopedagógicos (CEPs) que tinham e têm como objetivo difundir a Epistemologia Convergente, linha teórica que apóia e fundamenta a Psicopedagogia divulgada por ele, bem como formar profissionais nesta linha de abordagem.
Jorge Visca, psicopedagogo argentino, implantou CEPs no Rio de Janeiro, São Paulo, capital e Campinas, Salvador e Curitiba, sendo que os Centros do Rio de Janeiro e Curitiba funcionam ininterruptamente desde então.
Também deu aulas em Salvador, Porto Seguro, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Itajaí, Joinville, Maringá, Goiânia, Foz do Iguaçu e tantas outras cidades brasileiras.
O CEP - Curitiba, fundado em 1988, já formou 10 turmas de Psicopedagogos e 3 grupos de Coordenadores de Grupos Operativos. No momento, tem 5 grupos de Formação em Psicopedagogia e um grupo de Teoria e Técnica de Grupos Operativos em andamento.
Todos estes grupos foram acompanhados de perto pelo Mestre Jorge Visca, como carinhosamente o chamávamos, que costumava estar em Curitiba, pelo menos, duas vezes por ano, quando permanecia por longos períodos.
Além de trabalhar com os grupos do CEP - Curitiba, Visca ministrou aulas na Universidade Federal do Paraná e na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como professor convidado.
Visca foi responsável, em Curitiba e em algumas cidades do interior do Paraná, pela formação de milhares de profissionais. Gostava muito desta terra, de passear por nossos parques, de freqüentar os cafés e bons restaurantes, além de promover encontros festivos junto com os grupos que orientava.
A Psicopedagogia de Curitiba que, além do CEP, conta com uma Seção da Associação Brasileira de Psicopedagogia, dois cursos tradicionais de Especialização em Psicopedagogia, em duas universidades locais, e dois cursos implantados recentemente em faculdades novas da cidade, encontra-se de luto.
Nosso Mestre querido, nascido em 1935, encerrou, neste ano de 2000, a sua breve vida. Aos 65 anos, Visca partiu, deixando cerca de dez obras publicadas, muitos ensinamentos e um modo de ser que serve até hoje de modelo para seus alunos.
A Psicopedagogia, área responsável pelos estudos da aprendizagem e de todos os transtornos que podem aparecer neste processo, embora triste, despede-se de Visca agradecida, por tanta contribuição em todo o território nacional.
 Referências
 BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.
GEARHEART, B. R. La enseñanza em niños com trastornos de aprendizaje. Buenos Aires, Argentina.: Panamericana, 1978.
MERY, J. Pedagogia curativa escolar e Psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas, 1985.




Roteiro para uma Anamnese Psicopedagógica

ROTEIRO PARA UMA ANAMNESE PSICOPEDAGÓGICA

DADOS PESSOAIS
Nome :
Idade:
Anos :
Tem apelido? ( ) Sim ( ) Não
Qual? Ele(a) gosta? ( ) Sim ( ) Não
Por que tem esse apelido?
Nascimento
Sexo ( ) M ( ) F
Naturalidade:
Endereço
Bairro:
Cidade:
CEP:
Escola:
Série que cursa:
Endereço:
Fone:
Contato:
Professora:
Horário:
Pai :
Idade :
Estudou até que série:
Teve Dificuldade? ( ) Sim ( ) Não
Se formou? ( ) Sim ( ) Não
Profissão :
Mãe :
Idade :
Estudou até que série:
Teve Dificuldade? ( ) Sim ( ) Não
Se formou? ( ) Sim ( ) Não
Profissão:
Irmãos: ( nome e idade )
QUEIXA
Na escola :
Indicado por :
Em que acha que o profissional poderá ajudá-lo(a)?

HISTÓRIA DE VIDA
1- Gestação:
A . Filho(a) desejado(a) ( ) sim ( )não Você queria engravidar? ( ) sim ( )não
Foi acidental? ( ) sim ( )não
B. Perturbou a vida do casal ou de um dos pais ? ( ) sim ( )não
C.Como foi a gestação? (cuidados pré-natais, doenças, sintomas, alimentação)
D. Teve algum problema durante a gravidez?
E. Que cuidados tomou neste período?
F. O que sentiu durante a gravidez?

2- Concepção:
A. Como ocorreu a gravidez?
B. Nascimento:
C. Conte como aconteceu o nascimento (fale sobre os locais, pessoas, sentimentos e o bebe)
3- Desenvolvimento
3 a) Psicomotor
Como adquiriu a fala
firmar a cabeça, apanhar objetos, sentar, engatinhar, ficar em pé, andar, correr,
falar, controle de esfíncter, Brincar, segurar o lápis.
3b – Cognitivo
Quando e como adquiriu a fala?
Quais a primeiras palavras?
Fala de uma forma que todos entendem ? ( ) sim ( )não
Consegue dar um recado ? ( ) sim ( )não
Faz uma compra sozinho(a)? ( ) sim ( )não
Como conta uma história / um caso / uma novela ?
Quando e de que forma percebeu a sua inteligência:
3c – Afetivo
Com quem e de que forma relacionou afetivamente com as pessoas
Ele expõe os sentimentos?
Como reage as frustrações?
Como se deu a convivência com parentes, vizinhos e amigos?
Como aprendeu a respeitar regras e limites?
3d – Alimentação
(defasagens, acidentes de percurso, assimilação/acomodação, carga afetiva)
Mamou no peito? ( ) sim ( )não
Como foi a passagem do peito para a mamadeira
E para a papinha?
Hoje tem hora para comer ( )sim ( )não
Come depressa ( )sim ( )não
Mastiga bem ( )sim ( )não
Comem juntos ( )sim ( )não
Come vendo TV ( )sim ( )não
3e – Sono
Agitado? ( )sim ( )não
É sonâmbulo? ( )sim ( )não
Tem pesadelos? ( )sim ( )não
Dorme só ou acompanhado?
Com quantas pessoas?
Quando acorda vai para a cama dos pais? ( )sim ( )não
Tem medo É de dormir sozinho? ( )sim ( )não
Enurese noturna? ( )sim ( )não
3f - Manias
Quais os costumes tem?
Que atitudes as pessoas da família tem diante das manias?

4 - Hábitos de vida diária:

4a – Higiene
Que hábitos tem e desde quando?
4b – Alimentação:
O que não gosta?
Como se alimenta?
Se alimenta sozinho, pega sozinho, arruma café pra ele.
4c – Organização dos seus pertences:
Cuida das coisas dos outros?
4d – Não gosta de fazer:
4e – Ele vai ao supermercado
Já faz compra as coisas e trás o troco certo
4f – Dá recados ?

5 – Escolaridade
5a – série
5b – Quais escolas estudou?

6 – Sexualidade

7 – Doenças

8 – Sociabilidade
Ele tem coleginhas?
Divide os brinquedos, empresta, compartilha?

9 – Arvore genealógica
Moradores da casa(idade e escolaridade)

10 – Antecedentes familiares
Avós – convivência
Escolaridade (avós paternos e maternos)

11 – Ambiente familiar

domingo, 20 de novembro de 2011



UM POUCO DA HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA
Simaia Sampaio


Os primeiros Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, em 1946, por J Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica. Estes Centros uniam conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crianças com comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000, p. 39).

Na literatura francesa – que, como vimos, influencia as idéias sobre psicopedagogia na Argentina (a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira) – encontra-se, entre outros, os trabalhos de Janine Mery, a psicopedagoga francesa que apresenta algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a origem dessas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França,..., onde se percebeu as primeiras tentativas de articulação entre Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2000, p. 37)

Esperava-se através desta união Psicologia-Psicanálise-Pedagogia, conhecer a criança e o seu meio, para que fosse possível compreender o caso para determinar uma ação reeducadora.
Diferenciar os que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam alguma deficiência mental, física ou sensorial era uma das preocupações da época.
Observamos que a psicopedagogia teve uma trajetória significativa tendo inicialmente um caráter médico-pedagógico dos quais faziam parte da equipe do Centro Psicopedagógico: médicos, psicólogos, psicanalistas e pedagogos.
Esta corrente européia influenciou significativamente a Argentina. Conforme a psicopedagoga Alicia Fernández (apud BOSSA, 2000, p. 41), a Psicopedagogia surgiu na Argentina há mais de 30 anos e foi em Buenos Aires, sua capital, a primeira cidade a oferecer o curso de Psicopedagogia.
Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberem um ano após o tratamento que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).
Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos (cf. BOSSA, p. 58). “... os instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico” (Id. Ibid., 2000, p. 42).
A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos (Id. Ibid., 2000, p. 48-49).
Inicialmente, os problemas de aprendizagem foram estudados e tratados por médicos na Europa no século XIX e no Brasil percebemos, ainda hoje, que na maioria das vezes a primeira atitude dos familiares é levar seus filhos a uma consulta médica.

Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação da escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que está apresentando na escola (Id. Ibid., 2000, p. 50).

A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos (Id. Ibid., 2000, p. 52).
De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).
Com esta visão de uma formação independente, porém complementar, destas duas áreas, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros.
Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra - Psicogenética de Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite), Escola Psicanalítica - Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e a Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios sócio-culturais) (VISCA, 1991, p. 66).

Visca propõe o trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência dos achados teóricos da escola de Genebra, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse predominante. A esta confluência, junta, também, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière, mormente porque a aprendizagem escolar, além do lidar com o cognitivo e com o emocional, lida também com relações interpessoais vivenciadas em grupos sociais específicos (França apud Sisto et. al. 2002, p. 101).

A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico.

...quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p. 16).

Visca implantou CEPs no Rio de Janeiro, São Paulo, capital e Campinas, Salvador, e Curitiba. Deu aulas em Salvador, Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Itajaí, Joinville, Maringá, Goiânia, Foz do Iguaçu e muitas outras. (Cf. BARBOSA, 2002, p. 14).
Muitos outros cursos de Psicopedagogia foram surgindo ao longo deste período até os dias atuais e este crescimento não pára de acontecer o que indica uma grande procura por esta profissão. Entretanto, é importante ressaltar, que esta demanda pode proliferar cursos precários distribuindo diplomas e certificados a profissionais inadequados. Esta proliferação se agrava mais ainda pelo fato da profissão não estar ainda legalizada.
Existe, porém, em nosso país há 13 anos a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação de temas relacionados à Psicopedagogia.
Devemos, portanto, escolher com muito cuidado a Instituição que desejamos fazer o curso de Psicopedagogia. Tenho conhecimentos de cursos que no período do estágio abandonam seus alunos sem a devida orientação.
Existe, em nosso país há 13 anos a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação de temas relacionados à Psicopedagogia, cadastro dos profissionais.
Qualquer dúvida sobre o curso que deseja fazer procure a sessão da Abpp em seu estado.
Publicado em 13/12/2005 17:54:00

Simaia Sampaio - Pedagoga e Psicopedagoga

O informe psicopedagógico

O laudo ou informe tem como finalidade resumir as conclusões a que se chegou na busca de resposta às perguntas iniciais que motivaram o diagnóstico. Esse documento deve ser entregue apenas a instituição(escola, Hospital...) que solicitou o diagnótico, não sendo necessário a entrega para os pais, a estes devemos apenas realizar a entrevista devolutiva de forma verbal.

MODELO

I- Dados pessoais:Nome
Data de nascimento
Idade (na avaliação)
Escola
Série

II- Motivo da avaliação – encaminhamento:Queixa na visão da escola e da família, caracterizar o encaminhamento.

III- Período de avaliação e números de sessões:Delimitar a época do ano letivo, extensão da avaliação, interrupções ocorridas e causas.

IV- Instrumentos utilizados:Relatar os diferentes tipos de sessões utilizadas (lúdica, anamnese, EOCA), testes e seus objetivos.

V- Análise dos resultados nas diferentes áreas:Pedagógica (leitura, escrita, cálculo), cognitiva, afetivo-social, corporal.

VI- Síntese dos resultados – hipótese diagnóstica:Faz-se uma síntese do que foi analisado no item V, estabelecendo-se a relação entre as diferentes áreas em função do motivo da avaliação. Visão global do paciente ante a questão da aprendizagem.

VII- Prognóstico:
Hipótese final sobre o estado futuro do paciente em relação ao momento do diagnóstico.

VIII- Recomendações e indicações:
Síntese das orientações dadas aos pais e à escola.

EOCA


A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) é um instrumento inspirado na psicologia social de Pichon-Rivière, nos postulados da psicanálise e no método clínico da escola de Genebra foi idealizado por Jorge Visca e é um instrumento de uso simples que avalia em uma entrevista a aprendizagem. (BOSSA, 2007.p.46)
Uma forma de primeira sessão diagnóstica é proposta por Jorge Visca (1987, p. 72) através da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA, ao dizer:

“Em todo momento, a intenção é permitir ao sujeito construir a entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de forma experimental. Interessa observar seus conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesas, ansiedades, áreas expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc”. (Weiss apud Visca, 2007, p. 57).

As propostas a serem feitas na E.O.C.A, assim como o material a ser usado, vão variar de acordo com a idade e a escolaridade do paciente. O material comumente usado para criança é composto numa caixa a onde o paciente encontrará vários objetos, sendo alguns deles relacionados à aprendizagem, tais como, cola, tesoura, papel sulfite branco e colorido, papel crepom e seda, coleção, cola colorida, livros de leituras, revistas para recorte e colagem e diversos outros materiais.
O objetivo da caixa é dar ao paciente a oportunidade de explorá-la enquanto o psicopedagogo o observa, nesse momento serão observados alguns aspectos da criança como: a sua reação, organização, apropriação, imaginação, criatividade, preparação, regras utilizadas, etc.
De um modo geral, usam-se propostas do tipo: “Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram e o que você aprendeu”, “Esse material é para que você o use como quiser”, “Você já me mostrou como lê e desenha, agora eu gostaria que você me mostrasse outra coisa”.
Durante a realização da sessão, é necessário observar três aspectos:
  • A temática, que envolverá o significado do conteúdo das atividades em seu aspecto manifesto e late
  • A dinâmica, que é expressa através da postura corporal, gestos, tom de voz, modo de sentar, e manipular os objetos etc.;
  • O produto feito pelo paciente, que será a escrita, o desenho, as contas, a leitura etc., permitindo assim uma primeira avaliação do nível pedagógico.
    A partir da análise desses três aspectos, o autor propõe que se trace o primeiro sistema de hipóteses para continuação do diagnóstico.

REFERÊCIA:WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13 ed. Ver. E aml: RJ Lamparina.2003.